Descalça


 

Descalçam-me as intempéries,

Descalça-me a dor,

Descalça-me a dureza da vida,

Descalça-me a falta de amor.


E , sem calço, perdi o equilíbrio,

o sorriso, a segurança...

Posso até ficar sem rumo,

mas não sem esperança...


E, neste  caos em que me vejo,

Descalça, sem prumo , sem chão,

Semeio paciente e inquieta

a tão sonhada transformação


E, andando descalça por entre pedras, espinhos e flores,

Educo meus desejos, meus  medos 

e minhas dores...


Gilmara Belmon






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