O TEU SILÊNCIO
Tudo o que me falas agora é silêncio, porque não é nada daquilo que queres e precisas me falar. Assim como não é nada daquilo que eu quero e preciso ouvir de ti.
Este silêncio é tão doloroso quanto barulhento e por isso incomoda !
Silêncio ensurdecedor que nada comunica.
Às vezes eu gosto dos silêncios eloquentes!
Ante ao teu silêncio eu prefiro calar-me. Não irei nem mesmo escutá-lo.
Um dia a tua palavra precisou de ouvidos e não me pediu. Eu só soube porque eu te li. Li teu silêncio, li teu aquietar-se, li o teu semblante. Eu desejei me fazer ouvidos, mas tu foste embora antes que eu me oferecesse.
No outro dia tu me disseste que as palavras queriam fugir da tua boca, mas não encontraram ouvidos.
Eu lamentei dentro de mim tamanho desencontro. A minha escuta se desencontrou da tua fala e sei que isto acontece o tempo todo com todo mundo!
Há pessoas sedentas de escuta, algumas se deixam aprisionar pelo silêncio, outras deixam as palavras soltas até pelos cotovelos sem terem quem as escutem de verdade.
É humano ter a delicadeza de ofertar palavra, escuta e silêncio com a leveza ou o fardo, com a doçura ou a amargura, com a verdade ou com os rodeios que a ocasião requer. Quem assim souber fazer, em algum momento da vida, alumiará o caminho de alguém.
Gilmara Belmon
Lindo texto
ResponderExcluir