Sobre cozinhar e amar

Gildásio Jardim


Cozinhar é uma forma de amar.

Se o amor estiver escondido na forma de preparo, na dedicação que se coloca naquilo que tempera, trata, escalda, cata, refoga , mexe, manuseia, cozinha... 

Quais sensações, sentimentos, emoções o ato de preparar a comida desperta no cozinheiro, na cozinheira?

O desejo de ver os comensais mais do que satisfeitos, mas encantados, seduzidos, apaixonados. 

A fome do corpo se entranha com a fome da alma, de modo que, não apenas se come o alimento, mas se experimenta o afeto, a ternura, a gentileza e o amor de quem preparou .

Cozinhar é uma forma de amar. Saciar a fome do corpo e da alma é uma bela e mágica expressão de amor.

Preparar o alimento é também uma entrega de si, é ser dom para quem espera à mesa com suas fomes e esperanças. 

Cozinhar é a mágica de produzir alegria e prazer, cozinhar é derramar o próprio sentimento na vida de quem está  à mesa. Por isso é  muito importante se questionar sobre  o que  move quem cozinha no momento exato em que exerce a arte de cozinhar. 

Cozinhar, já dizia um grande escritor, é uma arte sagrada, é sacramento, assim como comer também o é.

Feliz quem derrama amor no alimento de quem está à mesa. Feliz de quem se alimenta do amor entranhado na comida pelas mãos de quem a preparou. 

Comungo com Mia Couto: " Cozinhar não é serviço... Cozinhar é um modo de amar os outros".


Gilmara Belmon 

Em homenagem às merendeiras da Rede Municipal de Ensino de Amélia Rodrigues 



 

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